quarta-feira, 7 de maio de 2008

Kaiser-Wilhelm-Gedächtniskirche


Berlim (Agosto, 2005)









Berlim é uma cidade de contrastes, tanto estéticos como Históricos. Vive ainda na sombra da vergonha pelo mal que o seu país causou ao mundo, reconstrói-se, aos poucos, da destruição causada não só pela 2ª Guerra Mundial, mas também pela, não tão distante, divisão da Alemanha.

Ao passear pelas ruas da cidade, compreendemos como, mesmo passados 18 anos, a queda do Muro é ainda tão próxima, com sequelas ainda muito vincadas numa cidade composta por duas partes a (re)habituarem-se a ser uma. As homenagens e recordações a esses tempos encontram-se em todas as ruas da cidade, com audaciosos museus, que nos transpõem para aqueles tempos, nos fazem mergulhar em sentimentos de perda, nostalgia, desespero e dor. Experiências únicas, edifícios que combinam o poder da arquitectura, das tecnologias ou, simplesmente, de documentos amarelecidos com o tempo, para fazer chegar a nós os realidades que esperamos nunca sentir!!

Deambulando pela cidade, tentamos reconstruir na nossa imaginação as suas formas na década de 80, seguimos a linha que maraca a anterior localização do muro, e quase que o sentimos ao estender o braço, quase que não vemos o outro lado da rua através duma parede de grafittis imaginada. Exemplo disso é a Igreja da cidade. Num estilo muito moderno, dificilmente identificamos o edifício como se tratando de uma igreja. As suas paredes de vitrais azuis escuro, o seu formato cilíndrico, em tudo se assemelham a um prédio alto e inovador de qualquer cidade moderna, sem qualquer artefacto religioso que denuncie a sua real identidade. A seu lado, encontramos os destroços daquilo que foi, em tempos, uma bela igreja, de paredes altas e austeras, torres pontiagudas, a relembrar os contos de fadas. Em tempos chamada de Kaiser-Wilhelm-Gedächtniskirchem (qualquer coisa como Igreja em Memória do Imperador William), e destruída por um bombardeamento dos Aliados, em Novembro de 1943, mesmo à luz do dia, as suas ruínas impõem um respeito inexplicável, tornando-se aterradoras quando escondidas nas sombras da noite. Sustemos a respiração quando a encaramos, como que a medo de despertar os espíritos aí refugiados, de incomodar memórias que em nada ganhariamos ao despertar...


Actualmente Berlim constituiu um dos pólos centrais de cultura Europeus, igualando-se a Barcelona ou Paris como cidade cosmopolita. Só compreendemos o porquê quando a visitamos, quando entramos nos milhares de museus, passeamos nas ruas repletas de pessoas, a qualquer hora do dia, pessoas de nacionalidades, idades e etnias dispares, quando entramos em lojas de alta-costura, e mercados de agricultura biológica... só compreendemos a grandiciosidade da capital alemã, ao respira-la por breves instantes, momento em que somos invadidos pela ânsia de não a deixar até desvendar os seus mais ínfimos segredos.


2 comentários:

Alvy Singer disse...

O texto ajudou apenas a confirmar aquilo que era já uma suspeita. Um dia, gostava de ir a Berlim. Parabéns pelo blog. Só tenho pena que não sejam mais, as fotografias com que nos brindas.

Fábio Freitas disse...

Esta Foto têm uma Magia Especial!!!!