domingo, 13 de abril de 2008





Middle of Nowhere, Turquia (Agosto, 2000)





Paisagem vazia, onde se vislumbra apenas o céu dum límpido azul, em claro contraste com os vales e planícies arenosas, com escassa vegetação... O silêncio é total, ecoa no ar apenas o som quente do nada, dum local que parece não existir.

Um dos (raros) locais no mundo onde a civilização (praticamente) não chegou. Seguimos por caminhos que constam nos mapas, orientados para onde queremos chegar, focando apenas o objectivo final, e esquecendo, muitas vezes, de simplesmente aproveitar a vista. Num instante tudo corre mal, cortamos no sítio errado e damos connosco num local assim, perdidos onde nada existe, sozinhos. É estonteante a serenidade que a solidão nos transmite, observando apenas a paisagem em nosso redor, sem preocupação, sem a obrigação de dizer algo, simplesmente inspirando todos os pequenos detalhes daquele momento.

Mas há uma altura em que temos que regressar, deixar este mundo idealizado e, provavelmente, irreal, e regressar ao caminho que seguíamos, porque até num deserto assim, há sempre uma estrada que serpenteia os vales e nos conduz onde queremos chegar.

2 comentários:

... disse...

Para uma excelente imagem - um belo texto!

Fábio Freitas disse...

Esta foto e texto podiam ser simplesmente o trailer do filme “Babel”! ( Grande, grande Déjà vu)

“O deserto é o espaço da revelação, genética e fisiologicamente estranho, sensorialmente austero, esteticamente abstracto, historicamente hostil…As suas formas são provocantes e sugestivas. A mente é perturbada pela luz e pelo espaço, pela novidade quinestética da aridez, da temperatura elevada e do vento. O céu é envolvente, imponente, terrível.” Paul Shepard.

Comparei as suas qualidades literárias com as de um grande escritor, mas decerto que ele invejaria as fotográficas :)