sábado, 22 de dezembro de 2007

Arquitectura duma (não tão típica) cidade europeia





Sultanahmet Camii (Mesquita Azul), Istambul (Agosto 2002)




A passagem da Turquia asiática para a europeia deu-se num comboio nocturno, pelo que, às cinco e meia da manhã, quando coloquei o primeiro pé em Istambul, rapidamente me apercebi das diferenças entre esta cidade e, por exemplo, a capital Ankara. De facto, o titulo europeu resume-se, efectivamente, a uma fronteira escassamente corroborada pela arquitectura e a ambiência da cidade.Enquanto que em Ankara nos sentimos numa cidade da Europa, atrevo-me até a acrescentar, sem grande atractivo, Istambul é tudo o que imaginava da cultura árabe. Ruas confusas, mulheres tão cobertas que, enfrentando corajosamente os 40º que se faziam sentir, podíamos vislumbrar somente o seu rosto, mesquitas imponentes, cada qual com mais minaretes que a anterior, e bazares caóticos, com um aroma a açafrão e outras especiarias irresistíveis que nos invade os sentidos ainda a 1km de distância.
Duas mesquitas simbolizam a cidade, entre elas a Mesquita Azul, com o seu estilo Otomano representativo desse iminente Império. Transpor as portas de qualquer Mesquita é uma experiência única, repleta de pequenos rituais tão importantes para o povo que lá se desloca para rezar. primeiro tirar os sapatos (sim, é algo pouco higiénico, eu sei, mas em Roma sê... turco!!), depois ser inspeccionado por um guardião no sentido de ter a vestimenta aprovada. Se esse for o caso, basta, às senhoras, colocar um lenço (conselho, andar sempre de lenço atrás, estar descalço já é muito mau, ninguém precisa de colocar na cabeça um lenço encardido, que certamente visitou já umas 30 cabeças nesse dia!). Contudo, se, resultado dos, já mencionados, 40º de temperatura, nos tivermos atrevido a vestir algo acima do tornozelo ou do cotovelo, o mais certo será não poder usufruir da honra de realmente entrar no templo. Se em alguns casos isso não seria assim tão dramático, ir a Istambul e perder a Mesquita Azul seria como ir a Paris e não ver a Torre Eiffel. Se o seu exterior majestoso é já hipnotizante, ficamos, literalmente, estupefactos quando transpomos a porta. A nossa frente encontramos uma vasta sala, com pequenos recantos recortados em semi-círculos nos cantos, repleta de janelas. As paredes douradas e azuis brilham, reflectindo os raios de sol que se atrevem e invadir este espaço, só passado uns segundos nos apercebemos que parámos de respirar, com medo de estilhaçar esta frágil beleza inexplicável com apenas um escasso suspiro...

1 comentário:

Anónimo disse...

Esta foto deixou-me de boca aberta durante 45s. lol Desta vez não me atrevi a ler a descrição sem antes tentar apreciar todos os pormenores desta tua foto. Claro que mais uma vez a tua descrição esta em sintonia quase pura com o que a foto realça.
Bom trabalho ;)